SACRAMENTO DA PENITÊNCIA

O Pai manifestou a sua misericórdia ao reconciliar o mundo consigo em Cristo, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas que há na terra e nos céus. O Filho de Deus, feito homem, viveu entre os homens, para os libertar da escravidão do pecado e os chamar das trevas para a sua luz admirável. Foi por isso que deu início à sua missão na terra proclamando a penitência, ao dizer: «Arrependei-vos e acreditai no Evangelho» (Mc 1, 15). Este convite à penitência, que já fora, muitas vezes, anunciado pelos profetas, preparou o coração dos homens para a vinda do Reino de Deus pela voz de João Baptista, que veio «proclamar um baptismo de penitência para remissão dos pecados» (Mc 1, 4). Jesus, porém, não só exortou os homens à penitência para que abandonassem os pecados e se convertessem de todo o coração ao Senhor, mas também acolheu os pecadores e os reconciliou com o Pai. Além disso, curou os enfermos para mostrar um sinal do seu poder de perdoar os pecados.6 Finalmente, Ele próprio morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação. Por isso, na noite em que Se entregava, ao iniciar a paixão que nos salvou, instituiu o sacrifício da Nova Aliança no seu Sangue para remissão dos pecados, e, depois da sua ressurreição, enviou o Espírito Santo sobre os Apóstolos, para que eles tivessem o poder de perdoar ou reter os pecados, e recebessem a missão de pregar, em seu nome, a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações.

Obedecendo ao mandamento do Senhor, Pedro, a quem o Senhor dissera: «Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus» (Mt 16, 19), no dia de Pentecostes proclamou a remissão dos pecados por meio do Baptismo: «Convertei-vos e peça cada um de vós o Baptismo em nome de Jesus Cristo, para vos serem perdoados os pecados» (Act 2, 38).12 Desde então nunca mais a Igreja deixou de chamar os homens do pecado à conversão e de manifestar, pela celebração da penitência, a vitória de Cristo sobre o pecado. Esta vitória sobre o pecado brilha, antes de mais, no Baptismo, pelo qual o homem velho é crucificado com Cristo, para que seja destruído o corpo do pecado e não mais sejamos escravos dele, mas, ressuscitando com Cristo, vivamos doravante para Deus. Por isso, a Igreja professa a sua fé «num só Baptismo para remissão dos pecados».

No sacrifício da Missa torna-se presente a paixão de Cristo, e o Corpo entregue por nós e o Sangue derramado para remissão dos pecados de novo são oferecidos a Deus pela Igreja para salvação de todo o mundo. Com efeito, na Eucaristia, Cristo está presente e é oferecido como «sacrifício de reconciliação» e para que nós, pelo seu Espírito Santo, «sejamos reunidos num só corpo». Ainda mais, o nosso Salvador Jesus Cristo, ao dar aos Apóstolos e aos seus sucessores o poder de perdoar os pecados, instituiu na sua Igreja o sacramento da Penitência, para que os fiéis que, depois do Baptismo, caíram no pecado se reconciliem com Deus, pela renovação da graça. A Igreja tem, de facto, «a água e as lágrimas: a água do baptismo, as lágrimas da penitência».


NECESSIDADE E UTILIDADE DESTE SACRAMENTO

Do mesmo modo que são múltiplas e variadas as feridas do pecado na vida de cada um e da comunidade, assim também diversos são os remédios que a penitência nos oferece. Aqueles que se afastaram da comunhão no amor de Deus pelo pecado grave são chamados à vida que perderam por meio do sacramento da Penitência. Aqueles, porém, que, fazendo todos os dias a experiência da sua fraqueza, caem em pecados veniais recebem, pela repetida celebração da Penitência, forças, para poderem chegar à plena liberdade dos filhos de Deus. 

a) Para receber o remédio da salvação no sacramento da Penitência, o fiel, por disposição da misericórdia de Deus, deve confessar ao sacerdote todos e cada um dos pecados graves, de que se lembrar, depois de ter examinado a sua consciência.

b) Além disso, a frequência deste sacramento, quando celebrado com toda a diligência, é também muito útil, no caso de pecados veniais. Não é mera repetição ritual nem uma espécie de exercício psicológico, mas o esforço constante para viver mais perfeitamente a graça do Baptismo, de modo que, trazendo em nosso corpo a mortificação de Jesus, cada vez mais a vida de Jesus se manifeste em nós.

Nestas confissões, cuidem os penitentes, ao acusarem-se de faltas veniais, de conformar-se mais intimamente com Cristo e de andarem mais atentos à voz do Espírito. Para que este sacramento de salvação exerça realmente toda a sua força nos fiéis de Cristo, é necessário que ele como que lance raízes em toda a sua vida e os leve ao serviço mais ardente de Deus e dos irmãos. A celebração deste sacramento é sempre um ato em que a Igreja proclama a sua fé, dá graças a Deus pela libertação com a qual Cristo nos libertou 38 e oferece a sua vida como sacrifício espiritual para louvor da glória de Deus, enquanto caminha ao encontro de Cristo.


ELEMENTOS DO SACRAMENTO DA PENITÊNCIA

O discípulo de Cristo que, depois do pecado, movido pelo Espírito Santo, se aproxima do sacramento da Penitência deve, antes de mais, converter-se a Deus de todo o coração. Esta conversão interior do coração, que engloba a contrição do pecado e o propósito de nova vida, exprime-se pela confissão feita à Igreja, pela conveniente satisfação e pela emenda de vida. Deus, por seu lado, dá o perdão dos pecados por meio da Igreja, que atua pelo ministério dos sacerdotes.

1. A CONTRIÇÃO

Entre os atos do penitente, ocupa o primeiro lugar a contrição que «é uma dor da alma e uma detestação do pecado cometido, com o propósito de não pecar mais no futuro». Na verdade, «só podemos ter acesso ao reino de Cristo pela 'metánoia', isto é, a mudança interior do homem todo, pela qual ele começa a pensar, a julgar e a dispor a sua vida, impelido pela santidade e caridade de Deus, que se manifestaram nos últimos tempos no Filho e nos foram plenamente comunicadas (cf. Hebr 1, 2; Col 1, 19,». É desta contrição do coração que depende a verdade da penitência. A conversão deve tocar o homem por dentro, para o iluminar sempre mais profundamente e o tornar cada vez mais conforme a Cristo.

2. A CONFISSÃO

A confissão das culpas faz parte do sacramento da Penitência; procede do verdadeiro conhecimento de si mesmo diante de Deus e da contrição dos pecados. Todavia, este perscrutar íntimo do coração e a acusação exterior devem ser feitos à luz da misericórdia de Deus. A confissão exige no penitente a vontade de abrir o seu coração ao ministro de Deus, em ordem ao juízo espiritual, por meio do qual ele, agindo na pessoa de Cristo, pronuncia, em razão do poder das chaves, a sentença de remissão ou de retenção dos pecados.

3. A SATISFAÇÃO

A verdadeira conversão completa-se pela satisfação das culpas, pela emenda de vida e ainda pela reparação dos danos. As obras e a medida da satisfação devem ser adequadas a cada penitente, de modo que cada um repare a ordem que lesou e, consoante a doença de que sofreu, seja curado com o remédio contrário. É, por isso, necessário que a pena seja realmente remédio do pecado e renove de algum modo a vida. Assim, o penitente, «esquecendo o que fica para trás» (Filip 3, 13), insere-se de novo no mistério da salvação e projeta-se para o futuro.

4. A ABSOLVIÇÃO

Ao pecador, que manifestou ao ministro da Igreja a sua conversão na confissão sacramental, Deus concede o seu perdão pelo sinal da absolvição e assim se perfaz o sacramento da Penitência. Segundo a economia de Deus, em virtude da qual a bondade e o amor de Deus nosso Salvador se manifestaram visivelmente aos homens, Deus quer dar-nos a salvação e renovar outra vez a aliança quebrada, por meio de sinais visíveis. Através do sacramento da Penitência, o Pai recebe o filho que volta para Si, Cristo toma aos ombros e reconduz ao redil a ovelha perdida e o Espírito Santo de novo santifica e habita mais plenamente o seu templo. Tudo isto é finalmente manifestado pela participação renovada ou mais fervorosa na mesa do Senhor. Nesta participação, por ocasião do regresso do filho que volta de longe, há grande alegria no banquete da Igreja de Deus.


CELEBRAÇÃO DO SACRAMENTO DA PENITÊNCIA NA NOSSA COMUNIDADE

Na nossa Comunidade existem duas grandes Celebrações Comunitárias do Perdão: no Advento e na Quaresma.
Para a Celebração individual deste Sacramento, os Párocos estão sempre disponíveis antes das celebrações da Eucaristia, contudo, o dia particular reservado por estes para a Celebração deste Sacramento é a quinta-feira, entre as 18h e as 19h, hora em que o Santíssimo Sacramento está Solenemente Exposto.